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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


GENTE DO ESTADO DO PARÁ
Os povos e a diversidade caminham de mãos dadas desde o início da formação do que hoje é conhecido como o Estado do Pará.  Entre seus cerca de 7,1 milhões de habitantes estão: indígenas, negros, brancos, ribeirinhos e asiáticos. Espalhados pelo campo (34%) e cidades (66%).
Na sua formação, o Pará teve um elevado número de imigrantes portugueses, espanhóis, italianos e japoneses. Além das muitas influências africanas e, claro, indígenas. Tanto que no Estado há cerca de 31 etnias indígenas espalhadas em 298 povoações, totalizando mais de 27 mil índios, de acordo com dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Os desbravadores lusitanos foram seguidos pelos espanhóis, que chegaram à capital quase que exclusivamente por questões políticas, graças às disputas ultramarinas dos dois países da Península Ibérica.
Já nos últimos séculos vieram os italianos e japoneses. Estes últimos estabeleceram-se no interior agrário, fixando-se em municípios como Tomé-Açu. Além desses, o Estado também recebeu libaneses e franceses.


ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ
A economia do Pará baseia-se no extrativismo mineral (ferro, bauxita, manganês, calcário, ouro, estanho) e vegetal (madeira), na agricultura, na pecuária, na indústria e no turismo.
A mineração é atividade preponderante na região sudeste do Estado, sendo Parauapebas a principal cidade produtora. A atividade pecuária - com um rebanho calculado em mais de 14 milhões de cabeças de bovinos – está mais presente no sudeste; já a agricultura é mais intensa no nordeste.
O Pará é o maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil e está entre os primeiros na produção de coco da Bahia e banana. São Félix do Xingu é o município com maior produção de banana do País.
A indústria concentra-se mais na região metropolitana de Belém, encabeçada pelos distritos industriais de Icoaraci e Ananindeua, e nos municípios de Marabá e Barcarena.
Pela característica natural da região, destaca-se também como forte ramo da economia a indústria madeireira.


MEIO AMBIENTE DO ESTADO DO PARÁ
O Pará abriga uma incalculável variedade de fauna e flora, e detém um potencial científico e econômico sem paralelo.
Localizado na Amazônia oriental, o Estado está situado no maior corredor de florestas protegidas do mundo, com mais de 717 mil km² (cerca de 71 milhões de hectares) divididos em áreas de proteção integral, de uso sustentável e terras indígenas, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Ao todo, as reservas contabilizam mais de 57% do território do Estado.  Aliás, muitas espécies, animais e vegetais, que vivem nessas áreas sequer são conhecidas pela Ciência.
As reservas foram criadas para conservar a riqueza genética da floresta tropical, importantes fontes de renda para as populações carentes amazônicas.


CULTURA DO ESTADO DO PARÁ
Caleidoscópio de materiais, cores, aromas, sons e formatos.
Texturas, cores, materiais e formatos variados compõem a rica e diversificada cultura do Pará. O artesanato é marcado por peças inspiradas nas milenares civilizações indígenas e jóias produzidas com matérias primas encontradas na própria natureza que reproduzem não só a criatividade dos artesãos, mas um pouco do que é o Pará.
Além do artesanato e das jóias, o Estado é palco da leveza e sensualidade de danças típicas como o carimbó e o lundu. Passos marcados por músicas onde o falar paraense dá o tom e registra a identidade do povo.
Para completar o caleidoscópio cultural, o Pará eterniza personagens de lendas amazônicas como o Uirapuru e o Boto, por meio de apresentações culturais que se replicam em vários cantos do Estado.


CULINÁRIA DO ESTADO DO PARÁ
Um universo de cores e sabores.
Considerada uma das culinárias mais “brasileiras” do País, a gastronomia do Pará tem sim a cultura indígena como sua maior influência, mas também carrega consigo traços portugueses e africanos. Os elementos encontrados na região da Amazônia formam a base de seus pratos, com o acréscimo do camarão, caranguejo, pato e dos peixes, todos temperados com folhas e frutas nativas. Destacam-se: açaí, bacaba, cupuaçu, castanha-do-pará, bacuri, pupunha, tucumã, muruci, piquiá e taperebá –, pimentas de cheiro e ervas. Os mais tradicionais são cozidos em panelas de barro ou assados em moquéns e embebidos de tucupi, caldo amarelo extraído da mandioca. Aliás, a raiz é uma das bases da culinária paraense, e sua farinha não pode faltar nos pratos locais. Entre os destaques da cozinha paraense estão:
Pato no tucupi
Constituído de pato, tucupi e jambu. O tucupi é um caldo amarelo extraído da mandioca e por isso precisa ser cozido durante uma semana. O pato, depois de assado, é cortado em pedaços e fervido no tucupi, onde fica de molho por algum tempo. O jambu é fervido em água com sal, escorrido e posto sobre o pato. É servido com arroz branco e farinha de mandioca.
Maniçoba
Do tupi Maní, deusa da mandioca. Usa-se tipicamente uma panela de barro ou de porcelana. O prato demora pelo menos uma semana para ser feito, pois a folha da maniva ( a planta da mandioca), depois de moída, deve ser cozida durante, pelo menos, quatro dias com a intenção de eliminar o ácido cianídrico que contém. Depois disso é acrescentado o charque, toucinho, bucho, mocotó, orelha, pé e costelas salgadas de porco, chouriço, linguiça e paio, praticamente os mesmos ingredientes de uma feijoada completa. É servido com arroz branco, farinha d'água e pimenta de cheiro a gosto.
Caruru
Feito com quiabo, camarões secos e inteiros, tempero verde (alfavaca e chicória), farinha seca bem fina e azeite de dendê. Após fervidos o quiabo, o tempero verde e os camarões na água, acrescenta-se a farinha e faze-se um pirão. Estando pronto o pirão, adicionam-se os quiabos bem escorridos, o camarão já refogado com todos os temperos e, por último, o azeite de dendê.
Tacacá
De origem indígena, o Tacacá é um mingau quase líquido servido em cuias e vendido pelas "tacacazeiras", geralmente ao entardecer, na esquina das principais ruas das cidades paraenses, sobretudo Belém. É constituído de uma mistura que leva tucupi, goma de tapioca cozida, jambu e camarão seco.
Chibé
Vocábulo tupi, composto de Che - eu, meu - e Ibe ou Tibe- caldo. É considerada a mais paraense de todas as comidas. Uma bebida com um gosto levemente acidulado. Leva farinha de mandioca e água.
Mujica
É um prato de espécie cremoso que pode ser feita de farinha de peixe conhecida como piracuí, massa de siri ou caranguejo.
Doces
As sobremesas paraenses são ricas em frutas, principalmente vindas da Amazônia, e licores. Os principais frutos que marcam a culinária regional são: açaí, cupuaçu, pupunha, guaraná e a manga. Há também outras frutas regionais de sabor peculiar, tais como bacuri, taperebá, jaca, muruci, sapotilha, entre outras.


MÚSICA DO STADO DO PARÁ
Deixe-se encantar pelos nossos ritmos.
Carimbó
O Carimbó é considerado um gênero musical de origem indígena, porém, como diversas outras manifestações culturais brasileiras, miscigenou-se e recebeu outras influências. Seu nome, em tupi, refere-se ao tambor com o qual se marca o ritmo, o curimbó. O carimbó tem influência negra, presente no ritmo percussivo e influências portuguesas (os estalos dos dedos e palmas em algumas partes da dança) e europeias em geral, recebendo a carga melódica dos povos colonizadores. Surgida em torno de Belém na zona do Salgado (Marapanim, Curuçá, Algodoal) e na Ilha de Marajó, passou de uma dança tradicional para um ritmo moderno, influenciando a lambada e o zouk.
Na forma tradicional é acompanhada por tambores feitos com troncos de árvores. Costumam estar presentes também os maracás.
Nos anos 60 e 70, adicionaram-se ao carimbó instrumentos elétricos (como guitarras) e influências do merengue e da cúmbia. O ritmo tornou-se popular no Norte e Nordeste do Brasil e gerou a lambada, que se espalhou para o resto do mundo.
A formação instrumental original do carimbó era composta por dois curimbós: um alto e outro baixo, em referência aos timbres (agudo e grave) dos instrumentos; uma flauta de madeira (geralmente de ébano ou acapú, aparentadas ao pife do nordeste), maracás e uma viola cabocla de quatro cordas, posteriormente substituída pelo banjo artesanal, feito com madeira, cordas de náilon e couro de veado. Hoje o instrumental incorpora outros instrumentos de sopro, como flautas, clarinetes e saxofones.
Sendo a música preferida pelos pescadores marajoaras, embora não conhecida como carimbó até então, o ritmo atravessou a baía de Guajará e veio até as praias do Salgado paraense. Em alguma região próxima às cidades de Marapanim e Curuçá, o gênero solidificou-se, ganhando o nome que tem hoje. Maranhãozinho, no município de Marapanim; e Aranquaim, em Curuçá, são dois dos sítios que reivindicam hoje a paternidade do gênero, sendo o primeiro o mais provável deles. Em Marapanim, na região do Salgado, nordeste paraense, o gênero é bastante cultivado.
Brega - Tecnobrega
Brega é um gênero musical de cunho popular. A denominação, originalmente de cunho pejorativo e discriminatório, foi entretanto sendo incorporado e assumido, perdendo parcialmente com o tempo esta acepção.
Historicamente, os maiores cantores do gênero brega legítimo estão no Nordeste brasileiro, sendo dois de seus maiores ícones na atualidade o pernambucano Reginaldo Rossi e o cearense Falcão, este último seguindo uma linha de brega humorístico.
Juntando influências do brega setentista (a partir de uma sucessiva modernização do gênero lançado por Waldick Soriano, passando por Odair José, Gretchen, Nahim, Sérgio Mallandro, entre outros) e de parte da MPB pasteurizada pelas trilhas de novelas da Rede Globo, a partir de 1977, surge uma série de tendências que emulam várias tendências populares.
O mais recente produto do brega é o tecnobrega, uma mistura de música eletrônica com a música brega muito popular com origem no Estado do Pará.
O tecnobrega é um gênero musical surgido no verão paraense (que ocorre nos meses de Junho, Julho e Agosto) de 2002.
Tem como característica festas das aparelhagens com DJ's, produtores caseiros e venda alternativa de CD's através de camelôs, para uma difusão mais rápida das músicas e de acordo com o artista. Mistura ritmos como carimbó, siriá, lundu e outros gêneros populares como o calypso ribeirinho além de guitarradas, sintetizadores e batidas eletrônicas.
Guitarrada
Guitarrada é um gênero musical paraense instrumental nascido da fusão do choro com carimbó, cumbia e jovem guarda, entre outros.
É também chamado de lambada instrumental. O seu criador é o Mestre Vieira. Neste estilo a guitarra elétrica é solista. Os principais representantes da atualidade são os grupos: Mestres da Guitarrada, Calypso, Cravo Carbono e o moderno La pupuña, que mistura uma série de ritmos paraenses.
Lundu
O lundu ou lundum é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afrobrasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim.
Siriá
O siriá é uma dança brasileira originária do município de Cametá. É considerada uma expressão de amor, de sedução e de gratidão para os índios e para os escravos africanos ante um acontecimento. Para eles é algo sobrenatural e milagroso. O seu nome derivou-se de siri, influenciado pelo sotaque dos caboclos e escravos da região. Os elementos são os mesmos utilizados na dança do carimbó, porém com maiores e mais variadas evoluções.
Lambada
Uma emissora de rádio paraense chamava de "Lambadas" as músicas mais vibrantes. O uso transformou o adjetivo em nome próprio, batizando o ritmo cuja paternidade é controversa, motivo de discussão entre músicos e pesquisadores paraenses. Em 1971, a banda Os Populares de Igarapé-Mirim gravaram um LP em que duas músicas tinham os nomes de “A lambada da vassoura” e “A lambada do Paulo Ronaldo”. Era a primeira vez que alguém usava a palavra lambada para definir o ritmo. As músicas alcançaram um sucesso estrondoso. Estava lançada a lambada.
Também, é fato que o músico e compositor de carimbo, Pinduca, lançou, em 1976, uma música intitulada "Lambada (Sambão)", faixa número 6 do LP "No embalo do carimbó e sirimbó vol. 5". É a segunda vez que uma gravação contém uma música sob o rótulo de "Lambada" na história da música popular brasileira. Há quem sustente a versão que o guitarrista e compositor paraense Mestre Vieira, o inventor da guitarrada , seria também o criador da lambada. Seu primeiro disco oficial, "Lambada das Quebradas", foi gravado em 1976, mas lançado oficialmente dois anos depois, em 1978.
O novo nome e a mistura do carimbó com a música metálica e eletrônica do Caribe caiu no gosto popular, conquistou o público e se estendeu, numa primeira fase, até o Nordeste. O grande sucesso, no entanto, só aconteceu após a entrada de empresários franceses no negócio.
Com uma gigantesca estrutura de marketing e músicos populares, o grupo Kaoma lançou com êxito a lambada na Europa e outros continentes. Adaptada ao ritmo, a música boliviana "Llorando Se Fue" tornou-se o carro chefe da novidade pelo mundo. Também há uma vertente que diz que a dança da lambada provém do forró.
Como acontece com certa frequência em outras situações, a valorização do produto só se deu após reconhecimento no exterior. Seguiu-se um período intenso de composições e gravações de lambadas tanto no mercado interno quanto externo. Os franceses, por exemplo, compraram de uma só vez os direitos autorais de centenas de músicas. Dezenas de grupos e diversos cantores pegaram carona no sucesso do ritmo, como Beto Barbosa, Márcia Ferreira, Manezinho do Sax, outros ainda incrementando suas carreiras, como foi o caso de Sidney Magal e Fafá de Belém.
Depois dessa fase de superexposição, como acontece com quase todo fenômeno midiático, deu-se um natural desgaste com a consequente queda nas vendas até cessar a produção.
Surgida no Pará, a música lambada tem base no carimbó e na guitarrada, influenciada por vários ritmos como a cumbia, o merengue e o zouk.

Fonte: PNAD.
AUGUSTO.


HISTÓRIA DO ESTADO DO PARÁ
O impulso militar que trouxe os portugueses ao Pará, em 1616, fez parte de um projeto político ambicioso de conquista do vale amazônico associado a um projeto econômico, não menos ambicioso, de exploração da biodiversidade local – as chamadas “drogas do sertão”, especiarias ocidentais de alto valor no mercado europeu.
A fundação de Belém, a 16 de janeiro de 1616, foi o primeiro passo desse projeto de conquista territorial. O processo foi contínuo e tenso e a ocupação do território se deu com base no massacre ou escravização das populações indígenas e no confronto bélico com as outras potências européias que possuíam feitorias na Amazônia. Aos poucos, através de expedições militares, novas regiões foram sendo anexadas: os vales dos rios Guamá, Acará e Mojú, o baixo Tocantins, a costa dos Caetés (hoje costa do Salgado), a região da “estrada do Maranhão”, que hoje chamamos de Bragantina, a Ilha Grande de Joannes, atual Marajó, a penísula de Gurupá, o Cabo Norte, atual Amapá, o baixo Amazonas, os vales do Xingu e Tapajós, o Alto Amazonas e o vale do Rio Negro.
Cada um desses territórios correspondia a novas rotas de exploração riquezas, fossem elas as drogas do sertão, fossem terras, a acrescentar ao patrimônio dos principais colonos, ou fossem, enfim, as populações indígenas escravizadas.
Esse padrão econômico, baseado na coleta extrativista, na navegação fluvial e na escravização dos índios, juntamente com os aspectos geográficos da floresta equatorial, acabou diferenciando a nova colônia do restante da América Portuguesa. Por isso, desde 1626, eram duas as colônias de Portugal na América: O Brasil, que incluía o Nordeste e toda a parte meridional da colônia e o Grão-Pará e Maranhão, que incluía toda a Amazônia, o Maranhão e, junto com este, o Piauí e parte do Ceará. O que diferenciava essas duas colônias era, basicamente, o modo de produção: no Brasil, predominava a monocultura e, no Grão-Pará, a atividade extrativa.
A igreja católica também fez parte dessa empresa colonizadora. Seu trabalho missionário, porém, entrava muitas vezes em concorrência com os interesses mercantis dos colonos, haja vista que as missões religiosas eram, ao mesmo tempo, grandes espaços de produção, com interesse na propriedade de terra, no comércio das drogas do sertão e na manutenção das populações indígenas nesses espaços de produção. O debate entre colonos e a igreja atravessou os séculos XVII e XVIII, até que, nesse momento, a nova mentalidade política em vigor na metrópole iniciou um processo de expropriação de seus bens e, também, de dinamização da economia local.
Tratava-se da política do marquês de Pombal, personagem emblemático do despotismo esclarecido em Portugal. Carvalho e Mello, o famoso marquês, ministro de d. José I, passou a governar a nação com mãos de ferro após a grande tragédia que foi a destruição de Lisboa por um terremoto, seguido por um maremoto e por um imenso incêndio, em 1775. Seu projeto político privilegiava um novo padrão de economia mercantilista, o tráfico negreiro como instrumento de elevação da produção e a valorização de colônias portuguesas antes descentradas, como era o caso do Grão-Pará e Maranhão.
Com efeito, a política externa de Portugal para a América, a partir desse último quartel do século XVIII, mudou nitidamente sua orientação, passando seu foco central da região do rio da Prata para o vale amazônico. Pombal promoveu mudanças significativas na estrutura social e econômica do Grão-Pará. Trouxe para a região centenas de especialistas, dentre cientistas, militares, engenheiros, naturalistas, desenhistas, arquitetos e geógrafos. À pretexto de demarcar os limites entre Portugal e Espanha promoveu um levantamento científico acurado da região, de sua hidrografia, fauna, flora e populações humanas. O conhecimento acumulado nesse projeto foi fundamental para firmar o direito do Grão-Pará sobre a parte mais extensa do território amazônico.
Além disso, preocupou-se em colonizar melhor a região: da antiga praça colonial portuguesa de Mazagão, na África, trouxe 1.700 famílias, a grande maioria delas nobres e, do arquipélago dos Açores, trouxe também milhares de habitantes. Destituindo os frades jesuítas e mercedários de seu patrimônio material e expulsando-os do Grão-Pará, distribuiu suas posses entre militares fiéis. Nos antigos assentamentos missionários, firmando a liberdade dos índios, criou mais de trinta vilas e cidades. E também incrementou o comércio e o tráfico negreiro, criando para isso a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. O objetivo era dinamizar a economia, incentivando o surgimento de múltiplas experiências, exitosas ou não, de atividades extrativistas ou monoculturas agrícolas, com o cacau, por exemplo, que passou a constituir uma riqueza importante da região.
O interesse do marquês de Pombal no Grão-Pará era quase pessoal: nomeou seu próprio irmão como governante da província, um sobrinho seu como bispo do Pará e vários outros parentes e amigos para cargos de destaque na burocracia colonial que dizia respeito a esta colônia americana.
Também incentivou o embelezamento de Belém: a construção do Palácio dos Governadores (atual Museu Histórico do Estado do Pará), a reconstrução das principais igrejas da cidade – como a Sé, Santo Alexandre, Carmo, Sant’Anna e São Joãozinho e de outros prédios públicos ou residenciais. Nessa atividade destacou-se o arquiteto bolonhês Antônio José Landi, que, como vários outros dos especialistas trazidos por Pombal, acabou por fixar residência na colônia.
Porém, a destituição do marquês lançou o Grão-Pará e Maranhão num ciclo de decadência que perdurou por quase um século, até por volta de 1870. Nesse período a colônia experimentou muitas mudanças: a conturbada adesão à independência do Brasil, o surgimento da imprensa e de uma vida intelectual ativa e, mais que tudo, a experiência da guerra civil, que foi a Cabanagem.
A Cabanagem, essa revolução popular tão mal compreendida pela história, foi um momento de explosão social com impacto demográfico e cultural que marcaram para sempre o Pará. Alguns historiados estimam que um terço da população morreu no conflito, que foi cheio de episódios trágicos. O movimento foi liderado pelas camadas populares. Iniciado em 1835, tomou Belém e espalhou-se por toda a Amazônia. Um governo do povo foi instalado e vigorou até 1838, quando a capital foi conquistada, novamente, pelas forças legalistas. Porém, os conflitos duraram até por volta de 1840.
A partir de então o Pará começou a receber fortes punições pelo governo brasileiro. Colônia popular, indianizada, subversiva, independentista e arrivista, aos olhos de muitos, passou a perder gradativamente seu status. A língua geral, um misto de várias línguas indígenas amalgamadas com o latim, falada correntemente por todos os comerciantes e populações caboclas do vale amazônico e, praticamente, a língua do comércio no Ver-o-Peso e a língua da política, nos bairros populares de Belém, foi proibida. As populações caboclas foram, muitas vezes, perseguidas e as grandes propriedades agrícolas ou extrativistas deixaram de contar com a atenção e o apoio do governo central.
Essa situação foi superada com a descoberta dos processos de vulcanização da borracha, o que permitia a sua utilização em indústrias diversificadas. Era a “Era da Borracha” que começava. Belém converteu-se numa praça comercial febril, centro do comércio mundial da borracha. A prosperidade era tão grande que esse período ficou conhecido como uma Belle Époque Amazônica. No imaginário burguês do período, a capital do Pará era a “petite Paris”, ou a “Paris n’ América”. Grandes lojas e magazines foram abertos, bem como bancos, casas seguradoras, empresas de crédito e firmas de toda sorte. Nesse período, por exemplo, o centro da cidade foi intensamente arborizado por mangueiras trazidas da Índia. Daí o apelido que até hoje estas árvores (já centenárias) dão à capital paraense.
O Pará enriqueceu rapidamente, e toda a base econômica anterior, essencialmente diversificada, cedeu lugar, rapidamente, ao extrativismo “monocultor” do látex. A proclamação de República, em 1889, não teve impacto maior sobre a formação das classes dominantes locais – como, de resto, em todo Brasil, e os mesmos instrumentos de reprodução e controle social foram mantidos em sua essência, mesmo com o fim da escravidão.
A débâcle, ou melhor, a queda da economia seringueira, se deu repentinamente e, tal como na sucessão do ciclo de desenvolvimento pombalino, gerou décadas de estagnação. O fato é que a maior parte da riqueza gerada pela borracha não foi internalizada, ou seja, não foi transformada em capital de investimento. Ainda que uma parte dela tenha dado origem a uma pequena, mas importante atividade industrial, a maior parte foi usada em bens de consumo ou transferida para praças mais sólidas, como Lisboa – com quem sempre Belém teve uma relação de proximidade intelectual e comercial – e Rio de Janeiro, capital da república, para onde boa parte das elites paraenses se deslocaram com a crise da borracha.
Com o declínio dos dois ciclos da borracha, veio uma angustiante estagnação, da qual o Pará só saiu na década de 1960, com o desenvolvimento de atividades agrícolas no sul do Estado. A partir da década de 1960, mas principalmente na década de 1970, o crescimento foi acelerando com a exploração de minérios (principalmente na região sudeste do estado), como o ferro na Serra dos Carajás e do ouro em Serra Pelada
Fonte: http://www.pa.gov.br
Augusto.